Por que as passarelas elevadas não favorecem aos pedestres?

Por Constanza Martinez Gaete

Cruzamento para pedestres nos níveis dos passeios ou passarelas para pedestres?

A decisão que deve ser tomada por autoridades municipais poderia se apoiar em base a pesquisa feita pelo Instituto de Política de Transportes e Desenvolvimento do México (ITDP), na qual a melhor opção é definida de acordo com dois fatores: o primeiro correspondente à relação entre velocidade e segurança rodoviária, e o segundo, a acessibilidade e desenho urbano.

De acordo com esses fatores, o ITDP afirma que o melhor é o cruzamento de pedestres no nível da rua porque priorizada a passagem dos pedestres e porque são feitas em uma escala humana.

Em contraste, as passarelas são vistas como uma opção que surgiu a partir do paradigma de dar prioridade ao transito de veículos e de acordo com os dados fornecidos pelo estudo, estas não aumentam a segurança dos pedestres.

Além disso, a localização das passarelas não é propícia para pedestres, porque eles devem percorrer distâncias maiores e com maior esforço. E ainda nem todas são projetadas para pessoas com mobilidade reduzida e a sua construção requer um maior investimento financeiro, conforme relatado pelo Instituto.

Com base nestes dados, o ITDP fornece conselhos sobre como devem se projetar cruzamentos ao nível da calçada.

 

A relação entre velocidade e segurança rodoviária

Os benefícios da redução dos limites de velocidade dos veículos para aumentar a segurança para todos os usuários do espaço viário é uma medida que cada vez mais estão adotando cidades ao redor do mundo levando em consideração as consequências após um atropelamento.

Por exemplo, se o impacto ocorre quando um veículo está viajando a 60 quilómetros por hora, 84% dos pedestres morres, 15% fica ferido e ninguém fica ileso. Por outro lado, a mesma situação mas a 48 kmh pode causar a morte em 45% dos pedestres, 50% terminou ferido e apenas 4% sai ileso.

ITDP_velocidade_impacto_veiculos
Por último, quando o limite de velocidade é ainda mais baixo, 30 km / h, as chances de alguém morrer caem consideravelmente até um 5%, 65% fica ferido e 30% dos pedestres saem ilesos.

Neste ponto, o ITDP acrescenta outro fator importante ao regulamentar o limite de velocidade: o campo de visão. Isto varia de acordo com a velocidade de um carro e significa que quanto maior a velocidade, menor o campo de visão dos condutores e a sua capacidade de reação fica ainda mais baixa.

ITDP_campo-de-visao
No campo de visão também influi a dimensão de uma via. Sobre isso, o ITDP verificou que, em ruas que têm uma largura maior que 3,5 metros, a segurança é menor porque os veículos podem circular mais rápido e os pedestres são dificilmente distinguidos. Por isso, recomendasse que as faixas tenham uma largura de até 2,5 metros e o espaço restante seja para pedestres.

Também recomenda a instalação de redutores de velocidade no mesmo nível da calçada com uma extensão e inclinação dependente dos limites de velocidade máxima permitida em uma rua, conforme detalhado na imagem abaixo.

ITDP_redutores-velocidade

Quanto ao design das calçadas, o ITDP recomendou que os cruzamentos deve manter o percurso dos pedestres, o que também favorece o movimento das pessoas que usam cadeiras de rodas. Esta opção também obriga aos motoristas a parar antes do cruzamento e dá maior visibilidade aos pedestres.

ITDP_cruzamento-nivel-calçada

Isto pode ser complementado pela necessidade de que as calçadas tenham um espaço equivalente a um metro e meio de largura de modo a que o espaço remanescente possa ser destinado a áreas de vegetação e assentos, de modo a criar áreas de descanso confortáveis .

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Fonte: Plataforma Urbana